sexta-feira, 23 de março de 2012

O método de John Place para memorizar textos


O método de John Place para memorizar textos

Em abril de 2007, escrevi um texto sobre o fenômeno da reminiscência.Na época, esse texto surgiu como uma resposta a uma pergunta frequente em meus cursos de memorização: "as técnicas de memória dispensam a memorização pela repetição?". É óbvio que não! A repetição é essencial durante qualquer processo de memorização, ainda que você seja um mentatleta.

No campeonato mundial de memória, existe uma prova chamada "hour cards", onde tentamos memorizar o maior número de cartas de baralho em apenas 1 hora. O interessante é que gastamos mais tempo repassando as cartas do que realmente memorizando-as. No mundial de 2007, memorizei a ordem de 6 baralhos recém embaralhados em cerca de 15 minutos. No entanto, para garantir a quebra do recorde latino-americano de cartas memorizadas em 1 hora, preferi dispensar todos o tempo que me restava repassando cada carta de cada baralho (312). É claro que não fiquei repetindo as cartas como um papagaio em minha cabeça. Eu simplesmente utilizei a sinestenesia e o fenômeno da reminiscencia de maneira adequada. John Place desenvolveu um método de memorização simples e eficaz, também baseado na utilização correta desses princípios da memória.

O método de John Place

John Place é um bem sucedido professor universitário, formado em Gerenciamento de Sistemas de Informação, pela Universidade de Missouri, formou com a maior nota de sua sala. Após a faculdade, ele investiu na carreira de programador e arquiteto, obtendo aumento constante de seu salário. Atualmente, ele é professor universitário e fornece consultoria em motivação em diversas grandes empresas nos EUA.

Na faculdade, ele memorizou 7 capítulos (mais de 23.000 palavras) de seu livro texto de psicologia. Ele era capaz de realmente recitar os 7 capítulos na íntegra. Esse feito ocorreu graças a duas declarações feitas por um professor em sua faculdade:

a) Nenhum aluno nunca tirou total em minha primeira prova.
b) Todas as respostas da prova poderiam ser encontradas nos primeiros 7 capítulos do livro texto.

Determinado a ser o melhor aluno de sua sala, ele simplesmente memorizou os 7 capítulos na íntegra. É óbvio que nem todos vocês desejam memorizar mais de 20.000 palavra para uma prova. No entanto, eu método é um bom exemplo de como uma repetição sistematizada, aliada ao bom uso da sinestesia, podem ser utilizadas para se memorizar qualquer coisa.


  1. Inicialmente, use um lápis ou processador de texto para anotar, em frases completas, qualquer fato que você julga que possa aparecer em sua prova.
  2. Leve suas anotações para uma sala silenciosa, feche a porta e elimine todas as distrações.
  3. Leia a primeira frase em voz alta. Em seguida, feche seus olhos e repita a frase sem olhar no papel.
  4. Repita o passo acima, agora lendo as 2 primeiras frases.
  5. Agora, repita o processo utilizando cada vez uma frase a mais. Repita as frases até que você seja capaz de repetí-las sem o uso do papel.
Após essa sessão de memorização, John recomenda que seus alunos tirem um pequeno cochilo. Segundo o autor, nesse momento, as memórias estão muito vulneráveis e precisam ainda de tempo para se consolidar. Após o cochilo, o professor recomenda que seus alunos repitam mais uma vez todo os 5 passos anteriores, para obter o máximo de retenção.
John se tornou tão bom em sua técnica que passou a ser capaz de aprender a matéria de qualquer prova (por mais difícil que fosse) em apenas 6 horas. Pode parecer muito tempo, mas não é, visto que o professor precisava de no máximo 6 horas para se preparar para qualquer prova, ainda que ele não tivesse nem ao menos aberto o livro durante todo o semestre.
John finaliza explicando que, no que tange técnicas de memória, é importante que você descubra alguma estratégia mnemônica que funcione para você, seja ela qual for. Quando se trata de técnicas de memória, não existem técnicas boas ou ruins: se funciona para você, ela é a técnica correta.
Aliás, John realmente foi o primeiro aluno a conseguir 100% de aproveitamento na prova do professor citado acima.
John está corretíssimo em sua abordagem. Ainda que eu prefira utilizar algum sistema mnemonico complexo para a memorização de textos a utilizar a força bruta (qualquer processo de memorização que não utiliza palavras-chave ou imagens), sua abordagem realmente funciona, visto que ela não apenas respeita o fenômeno da reminiscência, mas também respeita a sinestesia, intercalando os sentidos visuais e auditivos para a criação de códigos de memória mais eficientes.
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